O Cruzeiro das almas

O Cruzeiro das Almas fica localizado normalmente no meio do cemitério (Campo santo ou Calunga pequena) ou no ponto mais alto do mesmo. Se você já foi a Calunga Pequena provavelmente já viu o Cruzeiro das Almas. É representado por uma grande cruz podendo ser de madeira, cimento ou pedra, esse é o local físico onde as pessoas vão para acender velas para as almas de entes queridos já desencarnados e ali sepultados.

O Cruzeiro das Almas é um dos pontos de força mais respeitados dentro da nossa Umbanda, pois ali é feito um dos trabalhos mais belos da nossa sagrada religião. As velas acesas no cruzeiro são para as almas desencarnadas serem encaminhadas e cuidadas pelos espíritos de luz em nome do trabalho de caridade e do amor de Deus.

Neste local encontramos uma grande força espiritual, também cultuado como ponto de forças de Pai Omolu / Obaluaê, não se restringindo somente ao Cruzeiro, mas se estende por toda a Calunga Pequena, onde são feitos os trabalhos de transformação e renovação de forças e saúde. É também onde se deve ser entregues as obrigações e arriamentos de oferendas a esse orixá. Neste mesmo ponto também encontramos entidades que trabalham nas linhas das almas, ponto de força dos Pretos (as) Velhos (as), também sendo ponto de força de Exus e Pombo Giras.

O trabalho de encaminhamento dos espíritos recém desencarnados acontece nesse mesmo ponto de força e esse é um dos trabalhos mais bonitos da Umbanda, pois ao desencarnar, o espírito por muitas vezes se sente desorientado, perdido, sem saber o que está acontecendo, o que fazer e para onde seguir, e assim com toda essa força espiritual é feita essa maravilhosa ajuda a esses espíritos, auxiliando-os a buscar o caminho que cada um deve seguir, deixando para trás o apego a matéria, a vida encarnada e os bens materiais.

Mas como já sabemos, os seres humanos utilizam as forças dadas por nossos guias e orixás nesse e em outros pontos de força para trabalhos de cunho negativo e isso não é diferente com o Cruzeiro das Almas, transformando assim este trabalho de luz que é feito no Cruzeiro das Almas em um ritual mistificador para sanar a sua ganância, vaidade e sua falta de orientação e informação. Trabalhos esses que não tem ligação alguma com a Umbanda, e que muitas pessoas acreditam ter obsessores, como kiumbas, eguns e zombeteiros não são entidade de luz e que estão ali ao seu bel prazer para fazer trabalhos de magia negra, porém esses rituais além de estarem longe dos rituais umbandistas, são feitos para atrapalhar e prejudicar outras pessoas, sendo assim, atrapalhando e distanciando as pessoas que buscam esse tipo de trabalho do que é bom e puro.

A Umbanda é uma religião de luz e sua ação é de total respeito ao livre arbítrio de cada um, e definitivamente não faz nenhum trabalho negativo.

O Cruzeiro das Almas é de suma importância para os espíritos assim como o ar é fundamental para que nos mantenhamos vivos. É no Cruzeiro das Almas que o portal de passagem para outros planos vibratórios se encontra firmado, como por exemplo, no momento do desencarne, nas passagens de um estado físico para outro, ou seja, é o ponto de transformação e transmutação do ser, encarnado ou desencarnado, transformando um estado de negatividade para um estado de equilíbrio e harmonia.
É também o local onde podemos encontrar alguns Exus da falange dos Caveira e também o Guardião do Cruzeiro, que também é chamado pelo nome de Exu Omulu, sendo os espíritos encaminhados por Exu Caveira a esse ponto, onde tem o direito de escolher continuar a sua caminhada ou permanecer nesse plano como uma alma-perdida.

Dentro da Umbanda, em terreiros, centros, tendas e/ou templos, encontramos o Cruzeiro das Almas, também conhecido como Cantinho das Almas. É nesse local que são feitos assentamentos e firmezas para a proteção da casa e dos médiuns que ali trabalham, dos seres infelizes, kiumbas, eguns, zombeteiros e obsessores de todos os tipos, da mesma forma na qual é feito nas Calungas Pequenas.

Quando se é montado um Cruzeiro das Almas em nossas casas de Umbanda e nela colocamos as imagens dos nossos amados vovôs e vovós, seus elementos de trabalho junto as palhas de Omolu/Obaluaê, orixás regente dessas Entidades, junto com Oxalá, ali estamos estabelecendo um ponto de força energético espiritual dos mais importantes para a humanidade. Ali é um canal de ligação dos nossos rituais umbandistas aos termos mais evoluídos do plano espiritual. Estamos nos conectando com os seres de luz quem em gesto de caridade emprestam ao terreiro as mais variadas sabedorias e conhecimentos possíveis ao nosso entendimento. Não é à toa que Obaluaê é sinônimo de evolução e os Pretos Velhos de sabedoria. São os responsáveis por nos nortear, nos conectar nas diversas “cruzes” da existência.

Muitas pessoas mal-informadas ou mal-intencionadas, sem respeito pelo sagrado alheio colocam o Cruzeiro das Almas como um local de má sorte, mau agouro, além de ser um chamariz da morte; contudo nada tem a ver essas colocações, isso não passa de falta de informações ou mau-caratismo mesmo, isso não passa de crendices de pessoas que veem coisas negativas e obscuras até no ar que respiram, isso é uma tremenda falta de informação e também falta de respeito com o Cruzeiro, com as Almas, com entidades que ali trabalham e com o Orixá regente desse local. E para piorar essas crendices, infelizmente essas colocações não se originam apenas de pessoas que estão fora da Umbanda, pois vemos umbandistas consagrados, como Zeladores/Sacerdotes (Pais e Mães de Santo) e muitos filhos de fé que dizem essas coisas sem fundamento algum, fazendo assim espalhar falsas informações sobre um local tão abençoado e de grande importância para todos nós.

Precisamos sempre lembrar que o Cruzeiro das Almas é um magnífico ponto de luz, como um farol que guia os espíritos, e ao nos dirigirmos a este local devemos proceder como fazemos em qualquer outro ponto de força de atuação dos Orixás. É primordial o respeito, o bom senso, e principalmente a elevação da fé.

Temos que entender que a cruz na Umbanda é um símbolo de ascensão, da conexão entre a espiritualidade, a matéria física e os planos vibratórios. Nos terreiros sabemos que Omolu/Obaluaê é o orixá que rege todas as forças do Cruzeiro das Almas e as Entidades de Luz que mais fazem uso desses símbolos são os amáveis Pretos Velhos. Podemos notar isso em seus rosários, em seus terços nos seus pontos riscados que normalmente tem uma cruz ou mesmo o Cruzeiro das Almas desenhado de forma tradicional, demonstrando assim a elevação espiritual que essas Entidades trazem consigo.

O mesmo respeito que devemos ter pelo Cruzeiro das Almas devemos ter pelas Entidades que conduzem esse maravilhoso símbolo, pois como observamos a cruz é um símbolo por demais antigo e os Pretos Velhos são os anciães da Umbanda. São espíritos velhos, sábios e com tanta elevação que são capazes de transitar em diversos planos sutis da existência. O terço que carregam consigo trazem a sabedoria de milênios.

Para finalizar, devemos ter em mente que o Cruzeiro das Almas é um ponto energético de luz e caridade, que auxilia a nortear os desencarnados e aos encarnados mostra que não devemos nos apegar as crendices levando o nome santo do Cruzeiro das Almas em colocações errôneas feitas pelo próprio ser humano, ou seja, por falta de informação, por ser mau caráter, por vaidade, por misticismo.
Devemos respeitar o Cruzeiro das Almas pois certamente um dia passaremos por ele em busca de um portal de passagem entre o mundo material e o mundo espiritual.

Fonte desconhecida.