UMBANDA - Mitos e Realidades
Podemos
observar que as pessoas que procuram a Umbanda o fazem, em sua
maioria, para resolverem problemas de ordem material, exigindo um
resultado imediato, e quando não encontram creditam no Terreiro ou
ao Dirigente e Médiuns, quando não a própria Umbanda, o motivo do
seu fracasso.
Por
que isso acontece? Acreditamos que a culpa disso seja dos próprios
umbandistas que não esclarecem que a Umbanda é uma religião digna
e nobre como todas as outras, se omitem ou são os primeiros a dar
“oferendas” para obterem favores materiais das Entidades.
Por
outro lado, sabemos que a Umbanda lida com vários elementos e uma
variedade enorme de espíritos, e também que ela tem a capacidade de
penetração nos mais variados campos do Astral, consequentemente,
havendo merecimento e empenho, muitos
problemas acabam realmente por ter uma “solução mais rápida”,
mas somente aos que merecem e o fazem por merecer.
Qual
é o mistério da Umbanda? Amor e Caridade, pura e simplesmente. A
ritualística que cada terreiro de Umbanda segue, somente serve como
um leque de possibilidades para os diversos anseios de culto de cada
um. Na verdade, quem procura um Terreiro de Umbanda deveria apenas se
preocupar se ela é séria, se não cobra consultas e trabalhos e se
tem como objetivo principal a caridade e o Amor ao próximo. Essa é
a verdadeira Umbanda.
Sabendo
que temos por obrigação sempre buscar o “por que” das coisas e
não ficarmos satisfeitos com repostas do tipo “isso é assim
porque é” ou “isso é um mistério da fé”, vamos aqui tentar
elucidar algumas dúvidas que encontramos por parte da maioria dos
frequentadores
e alguns médiuns de Umbanda. Serão perguntas e respostas que
escutamos frequentemente
nos terreiros ou fará deles. Não julguem a qualidade das perguntas,
porque se pra você a pergunta é simples ou boba, para outro poderá
não ser. As respostas sim são simples porque assim é a Umbanda.
Então vamos lá:
1.
Pode uma pessoa praticar o mal sob influencia de espíritos?
Sim
pode, tanto quanto pode praticar o bem, também influenciada pelos
espíritos. Mas estejam certos de que para que as influencias
negativas ou positivas atuem em nossas vidas devemos estar
sintonizados com tais vibrações.
Portanto
orai e vigiai. Você tem seu livre arbítrio e é o único
responsável pelas companhias que atrair, tanto carnais como
espirituais, e que permitir atuar em sua vida.
2.
Todos somos médiuns?
Todos
nós somos sensitivos, mas alguns em um grau mais elevado que o
outro. Esses diferentes níveis de sensibilidade podem ser
compreendidos com diversas formas de mediunidade que está liga a
missão que o individua tem aqui na terra. Alguns são médiuns de
incorporação, outros intuitivos, videntes, audientes, de efeitos
físicos, de psicofonia e de
psicografia, todos passíveis de desenvolvimento de acordo com o
livre arbítrio de cada um.
3.
O Médium quando está incorporado sabe tudo o que está acontecendo
e o que a pessoa está falando com a Entidade?
Normalmente
sim. A grande maioria dos médiuns é consciente ou semiconsciente
como falam, ou seja sabem o que está acontecendo mas não tem
ingerência sobre as atitudes da entidade.
Normalmente
logo após a consulta o médium ainda lembra de alguma coisa, que vem
como “flash”, mas logo depois vão esquecendo aos poucos. Somente
médiuns inconscientes é que não sabem o que se passou durante uma
consulta, mas é muito raro este tipo de mediunidade.
Mas
se a sua preocupação é se você pode conversar qualquer assunto
com a entidade que o médium não vai contar pra ninguém, isso aí
dependerá da índole do médium e da Casa que ele trabalhe, mas não
se preocupe, pois o princípio básico de uma casa de Umbanda séria
é o sigilo em respeito às consultas e o respeito com os problemas
de cada um.
4.
Se uma pessoa tem que trabalhar mediunicamente e se a mesma não
entrar para um Centro ela poderá receber um guia ou entidades na
rua, em casa, no trabalho ou em outro lugar?
Não.
Uma Entidade Guia ou Protetora “de Luz” não irá de forma alguma
expor a pessoa ao ridículo ou a situações constrangedoras
incorporando em lugares públicos. O fato é que se a pessoa é
médium, e tem como missão trabalhar mediunicamente e opta por não
desenvolver sua mediunidade isso não faz com que ela deixe de ser
médium. O que acontece é que sua mediunidade ficará embrutecida e
desamparada expondo a ação de espíritos trevosos que poderão,
esses sim, manifestarem em locais públicos colocando a pessoa em
situações embaraçosas e de risco.
A
Umbanda ou outra religião qualquer serve para nosso crescimento
moral e espiritual e como um elo de religação com Deus, frequentar
ou participar ativamente de uma deve ser uma opção particular de
cada um e não uma imposição.
Devemos
saber que pelo fato de termos uma mediunidade mais aflorada nos torna
ímãs, atraindo toda e
qualquer energia que estiver nos ambientes aos quais frequentarmos,
o desenvolvimento dessa mediunidade, se faz necessário para
aprendermos a lidar com essas energias e controlar as manifestações
e termos a oportunidade através do trabalho mediúnico de
resgatarmos nossos karmas e
compromissos assumidos antes de reencarnarmos.
Negar
e fugir disso não nos levará a nada, é claro que existem outras
formas de praticarmos a Caridade, trabalhar mediunicamente deve ser
uma opção e não uma imposição. Cada um com seu Karma,
missão e vontade.
5.
É verdade que a pessoa que entra para trabalhar na Umbanda não pode
mais sair, por que atrasa a vida?
Não,
não é verdade. Como também não é verdade que a vida da pessoa em
questão vai pra frente se ela entrar para a Umbanda.
O
que ocorre é que ao entrar para a corrente de um terreiro de Umbanda
a pessoa passa a dar vazão e a desenvolver sua mediunidade, assume
compromissos e responsabilidades, se tranquiliza
e se harmoniza vibracionalmente e evolutivamente, ou pelo menos
deveria.
O
“atraso na vida” da pessoa ocorre porque ela deixa de se
equilibrar, evoluir e fazer caridade. Consequentemente
ela deixa de ter tranquilidade
para resolver até o mais simples dos problemas. Mas isso ocorre
porque a pessoa saiu do Terreiro, mas não deixou de ser médium e
continua recebendo influência do Astral. E se ela não continuar com
suas responsabilidades em ter uma vida regrada, de conduta ilibada
e não praticar a caridade de alguma forma, receberá maior
influencia do Astral inferior, segundo a Lei das afinidades.
Que
fique bem claro que não é o ingresso da pessoa ou a sua permanência
na Umbanda, ou qualquer outra religião, que fará com que a vida da
pessoa “ande pra frente” ou que todos os problemas dela se
resolverão. Temos que ter a consciência de que é a sua conduta
moral, seu desejo de praticar a caridade, de ajudar ao próximo, de
buscar sua evolução é que será determinante se ela vai melhorar
ou não, é uma questão de merecimento pessoal. A Umbanda através
de um Terreiro sério lhe dará a oportunidade, o conhecimento e o
meio, cabe a pessoa abraçar ou não.
6.
É, mas uma vez eu ouvi um médium dizer que se ele abandonasse as
entidades o castigariam? Isso é verdade?
Não,
a entidade não faria isso. Certamente era o médium que em suas
limitações de conhecimento entendia assim. Na verdade o que muito
provavelmente aconteceria, se fosse em um Terreiro sério e com
entidades sérias, a Entidade faria era aconselhar e alertar o médium
quanto ao perigo que ele estaria sujeito ao abandonar a Umbanda ou
seu compromisso mediúnico.
Entidade
Protetora ou Guia, não bate ou castiga seu médium, ela respeita a
sua opção e o livre arbítrio que lhe foi outorgado por Deus. Ele
não tem ingerência sobre isso.
Como
dito anteriormente, o médium ao se afastar do seu compromisso
mediúnico ou do terreiro, não deixa de ser médium por isso, de
acordo com o que faça da sua vida a partir daí é o que vai
justificar sua nova condição, se fizer coisas boas continuará
recebendo boas influências, mas se levar uma vida desregrada
receberá influências negativas ou ruins.
A
Umbanda, tão pouco seus guias e protetores, não têm função de
nos punir e sim de orientar e amparar.
7.
O que é um “guia de frente”?
É
a entidade que chefia a coroa do médium, é representante direto de
seu Orixá Regente. É responsável em comandar todas as entidades e
guias que trabalhem na coroa do médium ela traz as orientações e
ordens diretas do Orixá Regente. São também conhecidas como
mentores. Em alguns terreiros pode ser também um Preto velho ou um
Caboclo.
8.
Pode duas ou mais pessoas receber entidades com o mesmo nome?
Certamente
que sim. Aliás isso é bastante comum de acontecer da mesma maneira
que encontramos pessoas com o mesmo nome.
Podemos
observar várias entidades se identificando como: Caboclo Rompe Mato,
por exemplo, isso não quer dizer que é a mesma entidade ou o mesmo
espírito, e sim entidades que trabalham em um mesmo campo
vibracional.
Na
verdade se paramos para pensar realmente, o nome é o menos deve
importar, mas sim o grau de comprometimento com a caridade.
9.
Como é o desenvolvimento de um médium Umbandista?
Embora
esta questão seja bastante específica e a resposta varie de
terreiro para terreiro, como a maioria das questões sobre
ritualística e fundamentos, vejamos alguns pontos que devem ser
observados.
a)
É fundamental uma avaliação minuciosa do
médium com relação a Umbanda e suas próprias aspirações. É de
suma importância que ele esteja certo de que é isso que deseja para
si e para sua vida, que entenda que a Umbanda é uma religião que o
ajudará na sua evolução através da Caridade e não é para
resolver seus problemas.
b)
A casa que ele escolher para realizar este
empreendimento deve estar o mais próximo do que ele acredite,
entenda e queira para si. É fundamental que seja uma casa séria e
comprometida com a caridade, ou seja, que seja realmente de Umbanda.
c)
As diferentes ritualísticas da Umbanda
servem exatamente para atender as diversas aspirações. Por isso
antes de qualquer coisa ele deve frequentar
a assistência assiduamente, observar, envolver-se e estudar até ter
certeza que ali é o seu lugar.
d)
Cada casa tem um critério para se fazer
parte da corrente, procure saber qual é. Ao entrar para a corrente
deverá seguir rigorosamente as orientações do Dirigente e da
Entidade chefe ou das pessoas a sua ordem.
e)
Entender que nãos será umbandista dos
portões para dentro do terreiro, mas sim de coração, corpo e alma.
Deverá dedicar-se, educar-se, doutrinar-se seguindo as orientações
recebidas, que sua conduta moral deverá ser constantemente vigiada.
f)
Participar de todas as seções que esteja,
abertas aos médiuns novos, estudar e se dedicar com afinco, buscando
sempre melhorar seus pensamentos, desejos e vontades. Buscar
constantemente a evolução espiritual e moral, para assim poder
preparar o seu corpo e mente para ser um bom instrumento para as
Entidades Protetoras e Guias.
Buscar
tudo isso facilitará a
incorporação e o desenvolvimento de sua mediunidade, se entregue de
corpo e alma, sem medo. É essencial lembrar que é um momento de
adaptação, onde tanto médium quanto entidade estarão se
afinizando. Não tenha pressa, o tempo que você levará para
incorporar, dar passes, dar consultas, só dependerá de você mesmo,
de sua dedicação empenho e preparo seguindo as orientações que
lhe forem passadas.
10.
É verdade que homens que trabalham com entidades femininas são Gays
ou podem se tornar?
Não,
não é verdade. O que determina a preferência sexual de uma pessoa
é ela mesma e não a entidade, aliás ninguém tem ingerência sobre
este assunto, isso é um pensamento machista e preconceituoso, a
Umbanda não coaduna com pensamentos retrógrados. Ninguém vira ou
se torna homossexual, ou ela é ou não é, isso é uma
característica dela e deve ser respeitado O
médium é um medianeiro, um aparelho para a espiritualidade
trabalhar pela expansão da caridade, assim sendo a entidade não
interfere na personalidade do médium, senão todos que incorporarem
Ogum serão guerreiros, e quem trabalha com todas as linhas sofre de
personalidades múltiplas. Então se for assim mulheres também não
podem trabalhar com entidades masculinas pois se tornarão lésbicas.
Temos
que mudar esta mentalidade e acabar com o preconceito dentro dos
Terreiros. A Umbanda tem lógica e coerência, o que deve realmente
interessar não é a preferência sexual do indivíduo, mas o quanto
de caridade e amor a pessoa tem para fazer e dar, o quão dedicado a
espiritualidade ela o é, e o quão envolvido com o astral superior
ela esteja.
11.
Como funciona a hierarquia dentro de um terreiro de Umbanda?
Dentro
de um terreiro de Umbanda deve existir organização e disciplina. E
para manter essa organização e disciplina deve existir também um
sistema hierárquico. Alguns Terreiros dividem-se em parte
administrativa e espiritual.
A
parte administrativa funciona como uma associação normal, com
Presidente, Tesoureiro, Secretários e outros cargos que possam vir a
serem úteis na composição de seu estatuto. Já a parte espiritual
é comum ser dividida da seguinte forma:
a)
Babalorixá e Ialorixá: São os Dirigentes
do terreiro, o Sacerdote (Babalorixá) ou a Sacerdotisa (Ialorixá).
É o Responsável espiritual por tudo que acontece nas gírias,
antes, durante e depois. São também chamados de pais e mães de
santo. Eles têm a função de cuidar e zelar espiritualmente do
Terreiro e dos médiuns, orientar e dirigir os trabalhos abertos e
fechados ao público. São os responsáveis em fazer cumprir as
diretrizes estabelecidas pelo astral superior.
b)
Pai Pequeno e Mãe Pequena: São as segundas
pessoas na hierarquia de um terreiro. Tem como função auxiliar e
substituir quando necessário o Babalorixá e a Ialorixá. Outras
funções específicas variam de terreiro para terreiro.
c)
Médiuns de Trabalho: São os médiuns que
trabalham incorporados, cujas entidades já dão consulta e já
passaram por todos os preceitos do terreiro, que também variam de
Terreiro para Terreiro.
d)
Médiuns em Desenvolvimento: São Médiuns
que como o nome já diz, estão em desenvolvimento, ainda não
passaram por todos os preceitos da casa. Em alguns Terreiros ele
podem dar passes, já incorporam uma ou outra linha de trabalho, mas
não são autorizados a dar consultas. Estão sendo preparados para
tornarem médiuns de Trabalho. Ajudam no auxílio as entidades
incorporadas.
e)
Cambonos: São os responsáveis para auxiliar
as entidades, esclarecer a assistência quanto as obrigações
passadas, coordenar a entrada da assistência nas consultas e passes.
f)
Curimbeiro, Tabaqueiro ou Ogã: É a pessoa
responsável pela puxada dos pontos cantados e bater ou tocar o
atabaque, quando utilizados pelo Terreiro. Sua função é a de
ajudar na evocação das entidades e auxiliar a manter a egrégora
positiva da Casa durante as seções.
Deixemos
bem claro que todas as funções são importantes dentro da
organização de um Terreiro e nenhuma é melhor ou pior que a outra,
o respeito e a disciplina deve sempre ser elementos básicos da
convivência entre todos, deve-se tomar muito cuidado com a vaidade e
a inveja, sentimentos que devem ser sempre repudiados por todo e
qualquer umbandista.
12.
O que pode ou não dentro dos rituais praticados nos Terreiros serem
considerados de Umbanda?
Podemos
observar a enorme confusão que as pessoas fazem em relação ao que
faz ou não parte dos rituais da Umbanda e o que faz um terreiro
serem considerados de Umbanda.
Em
primeiro lugar a premissa básica para que se determine que um
terreiro seja UMBANDA é a caridade que se pratica no local. Não
podemos confundir fundamentos com elementos de rito ou culto. Em
primeiro lugar é fundamental estabelecermos algumas premissas
básicas para o perfeito entendimento a respeito da diferenciação
do que seja “fundamento” de “elemento de rito”.
Fundamento:
é tudo que existe velado ou não, dentro do terreiro que
“fundamenta” e direciona seus trabalhos. Estabelece suas linhas
de força trabalhada e cultuada, assim como a missão da Casa. Ou
seja, interfere e determina o resultado final dos trabalhos
realizados. É estabelecido pelos Dirigentes espirituais. Exemplo:
firmezas ou pontos de força estabelecidos no Gongá.
Elemento
de Rito: é tudo que existe, velado ou não, presente
ou não, que não interfere no resultado final dos trabalhos e
nem na missão da Casa. É estabelecido pelo sacerdote.
Entendido
isso vejamos então o que determina realmente se um terreiro é de
Umbanda ou não?
a)
Na umbanda o atabaque é elemento de rito, ou seja, a presença
ou não do atabaque NÃO interfere no RESULTADO final do trabalho. A
gira pode ficar, e fica mesmo, mais alegre, mais “vibrante”, mas
o resultado final é o mesmo. As entidades incorporam e fazem seu
trabalho da mesma maneira.
b)
As roupas (saias rodadas, etc.) são elemento de rito, o fato de
serem brancas é que é fundamento, ou seja, se as mulheres trabalham
com “baianas” rodadas ou sem roda, ou de jalecos não interfere
no resultado final do trabalho. As roupas coloridas podem ser usadas
em giras festivas. Vai da preferência do sacerdote.
c)
Sacrifício de animal não é fundamento e muito menos elemento
de rito da umbanda, entretanto é e tem fundamento em outras
religiões.
Esses
simples exemplos servem apenas para ilustrar, pois é tão fácil e
simples saber ou detectar se um terreiro é de umbanda ou não. Há
caridade? Não há cobrança por trabalhos, consultas ou passes? Não
há sacrifício de animais? Então é umbanda. Fácil, não? O resto,
ou quase tudo, é elemento de rito.
13.
Qual a necessidade ou a importância do uso de roupas brancas?
A
“Roupa Branca” usada pelos médiuns nos rituais de Umbanda, deve
ser tratada de maneira especial e usada exclusivamente para este fim.
Ela
representa a pureza e a simplicidade, além do branco ser uma cor que
absorve a vibrações mas não as retém.
14.
Qual o objetivo dos banhos de ervas?
Tem
ervas que são para descarrego, outras para energização e outras
com ambas as funções, outras simplesmente preparatórias para algum
tipo de trabalho.
Dependendo
da necessidade o médium ou o consulente, tomará seu banho de ervas
objetivando sempre uma boa harmonização com as forças da natureza,
para a consecução dos objetivos propostos.
Os
banhos de ervas necessitam de uma ritualística preparatória e não
devem ser tomados indiscriminadamente, só devem ser tomados sob
orientação da Entidade ou do Dirigente do Terreiro ou de pessoas a
sua ordem, pois sem o conhecimento específico do problema e do
objetivo a ser alcançado, o banho pode ter efeito contrário. Por
exemplo se a pessoa tiver agitada demais não deverá tomar banho de
ervas Ogum ou Iansã, pois poderá ficar mais agitada ainda.
15.
Porque batemos a cabeça no gongá?
O
“bater a cabeça” é um gestual que representa humildade e
respeito, é uma ato de oferecimento de seu Ori (coroa), de
reverencia e agradecimento à Coroa Regente da Casa e de pedido de
benção.
16.
E os colares na Umbanda?
Os
“colares”, os quais chamamos de “guias”, são utilizados para
auxiliar fixação da vibração do Orixá e tem a função de
atração ou proteção.
Utilizar
ou não, a quantidade de contas e quanto o tipo varia de Terreiro
para Terreiro conforme a orientação da Entidade Chefe ou do
Dirigente. Mas elas não devem ser compradas, pois devem ser
preparadas pela própria pessoa segundo os preceitos de cada casa.
17.
Na Umbanda não existem
sacrifícios de animais? Mas já vi terreiros que praticam esses
rituais, então eles não são Terreiros de Umbanda?
Não,
não são terreiros de Umbanda. A Umbanda anunciada e fundada como
culto pelo Caboclo das 7 Encruzilhadas não tem a prática de
sacrificar animais.
O
que precisa ficar bem claro é que Terreiro que pratica sacrifícios
de animais, seja para iniciações, descarrego, oferendas ou qualquer
outra coisa, não é um terreiro de Umbanda, mas sim outra forma de
culto que não nos cabe discorrer sobre.
18.
Porque fazer firmeza para Exus
e Pombogira?
Exus
e Pombogiras são nossos
guardiões e defensores dos ataques do astral inferior. Ao fazermos
firmeza para eles estamos fornecendo pontos de energização e
fixação de energia que visam a facilitar este trabalho.
19.
Como é o trabalho de um Exu
e uma Pombogira?
Como
já vimos Exus e Pombogiras
trabalham para nossa defesa e proteção. Atuam nas regiões
umbralinas ou onde sua presença se fizer necessária. São
verdadeiros soldados do astral envolvendo os trabalhos de defesa com
sua energia equilibradora.
20.
Qual é a importância de uma gira de Exus?
As
giras de exus servem para expurgar, descarregar, encaminhar, limpeza
do terreiro, dos médiuns e de todos os trabalhos de desobsessão do
mês.
Servem
também para oportunizar a estas entidades maravilhosas, através da
incorporação e da consulta, sua evolução e na busca de conselhos
de assuntos mais de terra.
Não
podemos esquecer que eles é que dão o primeiro combate contra as
forças trevosas, são eles que nos defendem, que representam e levam
as ordens dos enviados de orixás aos níveis mais baixos da crosta,
são eles os executores dos karmas,
que limpam, descarregam e atuam como elementos magísticos no
desmanche de trabalhos de magia negra.
21.
Porque algumas entidades na Umbanda bebem e fumam?
A
Umbanda, seus médiuns, os espíritos que nela trabalham e, em
particular, os espíritos que trabalham na linha de Exu são alvos de
muitas críticas devido ao uso da bebida alcoólica e do fumo durante
seus trabalhos. Essas críticas se baseiam no conhecimento, com
o qual concordamos plenamente, de que o vício e a mediunidade
responsável são incompatíveis.
Por
isso, a Umbanda é comumente associada a espíritos ainda muito
apegados à matéria e/ou a médiuns despreparados e de precária
estrutura moral. É claro que temos entidades que por estarem em um
plano ainda próximo ao da terra guardam os vícios de uma encarnação
recente, bem como médiuns que se utilizam das entidades para se
embriagarem. Mas isso não é regra, não é porque uma entidade bebe
e fuma que ela é um espírito inferior, o fumo e a bebida também
fazem parte da caracterização da entidade e ajuda na comunicação
entre a entidade e consulentes que associando, por exemplo, um preto
velho que fuma cachimbo ou um Exu que bebe marafo como legítimos e,
portanto, dignos de confiança e respeito.Muita das vezes, mesmo
pessoas cultas podem levantar dúvidas quanto à legitimidade da
comunicação mediúnica quando ela não envolve o uso desses
instrumentos de caracterização da entidade (nos quais se incluem,
também, a mudança de voz ou de postura física do médium, embora
esses elementos tenham suas devidas funções, como se explicará
melhor em outra oportunidade). Essa caracterização das
entidades é fundamentada em processos culturais desenvolvidos desde
os tempos antigos e presentes no surgimento da Umbanda e facilitam
que o médium iniciante reconheça e assimile a personalidade da
entidade, permitindo que a entidade se expresse sem maior influência
da sua personalidade, já que o médium se torna mais flexível a uma
realidade psíquica estranha à sua.
Dentro
do conceito elemental, o fumo é uma defumação direcionada, que
traz além do vegetal, os quatro elementos básicos (terra, água, ar
e fogo) para trabalhos de magia prática. O Sopro por si só traz
efeitos terapêuticos e espirituais muito valorosos e eficazes nos
trabalhos de cura e limpeza, que somado ao poder das ervas é
potencializado muitas vezes em resultados largamente vistos durante
os trabalhos de Umbanda. Já o Álcool é do elemento água, provindo
de um vegetal (a cana), que se sustenta na terra, altamente volátil
no ar e considerado o "Fogo líquido", de fácil combustão.
Tanto o Fumo quanto o Álcool são utilizados para desagregar energia
negativa, queimar larvas e miasmas astrais, e no caso do Álcool para
desinfetar e limpar no externo e no interno já que pode ser
ingerido.
O
fumo, Tabaco, o álcool são considerados um “Elemento de Poder”,
usados há milênios pelos povos indígenas, considerado sagrado com
larga utilização em seus trabalhos de cura.Tudo que é sagrado traz
o divino e as virtudes para nossas vidas, sempre que profanamos algo
sagrado atraímos a dor e o vicio. Assim o mesmo tabaco e o álcool
que cura em seu aspecto sagrado também vicia e traz a dor quando
utilizado de forma profana.
Texto
extraído do Livro "Umbanda
– Mitos e Realidades"
de Iassã Ayporê Pery.
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